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A música eletrônica e a emoção


Dentre as artes, a música é a única que, ao mesmo tempo, é completamente abstrata e profundamente emocional. Não tem o poder de representar nada que seja especifico ou externo, mas tem o poder exclusivo de expressar estados íntimos ou sentimentos.

As origens da música são baseadas na repetição de baterias primárias em rituais xamânicos em busca da espiritualidade. Havia uma ligação clara entre a música e a consciência emotiva, e era através deste ritual básico que um estado de consciência podia ser alterado.

Mesmo com a evolução, é possível ver a evidência deste estado inicial na música eletrônica. Muitas formas de trance e house parecem encarnar este aspecto, é com a lenta mudança de tons e com as batidas repetitivas que é possível representar esta intenção primordial. O uso da melodia vocal e percussão (embora sintetizada eletronicamente) formam o fundo para a maioria das canções, imitando sons pré-históricos dos quais a música foi concebida.

A música nos leva a um nível de resposta emocional tão intenso que é raro experimentar essas sensações em outras atividades do nosso dia a dia.

A emoção é uma reação à uma experiência inesperada. Tudo que fazemos, inclusive escutar uma música nova, começa com uma espécie de expectativa, uma antecipação do que está por vir, que pode ser confirmada ou não; todas as sutis faltas de confirmação desta expectativa, são contrabalançadas por ajustes feitos pelo nosso cérebro para a próxima antecipação em relação a música.


Em especial, “aprendemos” uma determinada música apenas na medida que somos capazes de prever o que acontecerá, porque prever é modelar as relações profundas que dão coesão à música. Quando ocorre uma acentuada discrepância entre previsão e realidade, provoca-se uma forte reação. Acredita-se que essas discrepâncias sejam a base da emoção.

As emoções positivas ocorrem quando a experiência supera a previsão.

Embora a experiência pessoal e a cultural desempenham reações individuais, pesquisadores descobriram que determinadas características das músicas estão diretamente associadas ao desencadeamento de fortes emoções nos ouvintes:

– Começam suavemente e tornam-se altas repentinamente;
– Incluem uma entrada abrupta de uma nova “voz”, seja um instrumento novo ou harmonia;
– Envolvem uma expansão das freqüências tocadas;
– Contêm desvios inesperados na melodia ou harmonia em suas passagens.

Estas técnicas são as mesmas que os grandes compositores clássicos utilizavam no passado, por exemplo, Mozart.

A música provoca um frio na espinha, uma vez que se inclui surpresas em termos de volume, timbre e padrão harmônico.

Quando a música quebra de repente seu padrão esperado, nosso sistema nervoso simpático (o que provoca ações básicas como acelerar o coração quando corremos, por exemplo) entra em alerta máximo; nossos corações aceleram e começamos a suar. Dependendo do contexto, interpretamos este estado de excitação como positivo ou negativo, feliz ou triste.

Músicas emocionalmente intensas liberam dopamina no nosso centro de prazer e recompensa do cérebro, o núcleo accumbens. Isso nos faz sentir bem e nos motiva a repetir o comportamento. Seja uma música triste ou feliz, o nível de dopamina liberada é o mesmo, isso sugere que quanto mais emoções uma música provoca, mais queremos ouvi-la.


A música idealiza tanto emoções negativas quanto positivas. Com isso ela aperfeiçoa momentaneamente nossas vidas emocionais individuais. O “significado” que sentimos não está na musica como tal, mas em nossas próprias reações ao mundo, reações que carregamos sempre conosco. A música serve para aperfeiçoar essas reações, para tornar-las belas. Assim fazendo, a música confere dignidade a experiências que, com freqüência, estão longe de serem dignas. E, conferindo prazer mesmo a emoções negativas, a música serve para justificar sofrimentos grandes e pequenos, garantindo-nos que tudo não foi a troco de nada.

É a força das próprias vidas que impulsiona a previsão musical, e a recompensa das resoluções musicais é para nossas próprias alegrias e dores.

Fonte: Dan Polastri/Blog Aperte o Play

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